quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Era uma vez um menino muito bonitinho. Era tão bonitinho... O menino tinha casa e cachorro. E o que o menino gostava de brincar era se esfregando nas juntas do paralelepípedo da rua. Esfregava pé, perna, braço, tudo. Ele gostava de colocar os dedinhos nos relevos do paralelepípedo. Ele gostava de chegar o nariz bem junto da pedra e ver os grãos de areia. Ele gostava de imaginar o que era o grãozinho de areia. Ele imaginava o que era o grãozinho na pedra.

O menino soltava o hálito entre as pedras para sentir esquentar o lábio e para ver a areia correr. Não podia dominar a geometria que o hálito fazia na areia. Desfazia a geometria. E soltava outro hálito para ver outra geometria, de modo que a repetição o cansasse e ele já não quisesse dominar.

O menino gostava de deitar de costas e sentir o calor da pedra. Gostava de sentir a irregularidade da pedra na cabeça e no cotovelo. Às vezes ele gostava de brincar de esfregar na rua pelo meio, às vezes ele gostava de ficar com a barriga encostada no meio fio e sentir umidade.

O menino, tão bonito, de casa e cachorro, dotava a vida de particularidades.

2 comentários:

Leandro Cruz disse...

(suspiro) ai... (outro suspiro)

danada, essa sanane...

Sanane disse...

eu não gosto desse texto