terça-feira, 31 de agosto de 2010

Eu também vou falar da Fonte Nova

[Suspiro]

Meus amores, depois de hoje, depois de ver a implosão da Fonte Nova, só vendo lixo na televisão para me curar, para rebater.

Sei lá... Algo daquele colorido me fez sombra. Mas às vezes me sopra “antes festa que indiferença”. Antes suor e cerveja que indiferença. Amores, eu não quero condenar a alegria das famílias que estavam desfrutando um domingo diferente, um espetáculo gratuito, com perdão do “gratuito”. Mas estou ressentida, confesso.

Só para tocar na questão mais evidente, estas dignas famílias não sabem que se trocou um parque aquático, um ginásio e uma pista de atletismo, todos equipamentos públicos, por um shopping? Aquela festa foi o privilégio da ignorância?

Cara, não se faz isso com uma pessoa, não se faz isso com uma cidade. Acho que vão nos culpar pela demolição da Fonte Nova do mesmo modo que culpamos os néscios que derrubaram a Catedral da Sé.

Uma associação que fiz, involuntariamente: no filme “Origem”, última superprodução de Hollywood, quando o personagem está acordando e a realidade do sonho está se desfazendo, a cena sonhada é destruída como uma demolição. Uma realidade desfeita, sem motivos coerentes e sem perspectiva de bom augúrio. Mas, no filme, era tudo um sonho.

Por aqui, nessa cidade toda de concretude, vamos deixar o mundo ir enquanto conversamos do bar. E edificamos nossas idéias enquanto o mundo rola.