sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Eu entendi Salvador. Um pensamento que me veio, sem aprofundamento e sem reflexão. Eu entendi Salvador antes do pensamento e da reflexão, por isso mesmo entendi. Estou começando a dominar essa cidade, o que me faz sentir segura de não sei quê. Salvador começa a ser minha, do jeito que eu quero, dentro de minhas possibilidades, claro.

Eu vi Salvador de um jeito que me despertou de novo a vontade de comer, comer bem grande. A primeira vez que vi, um susto, só acelerou a respiração e veio do joelho até o peito a vontade. A segunda vez, vi porque quis e porque me arrisquei, assentou as coisas nos meus olhos e eu já tinha respirado o que havia pra respirar. A terceira vez, eu entendi salvador, um pensamento só.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Certificado de existência"

Olhe, deixa escrever logo isso pra ver se me livro desse tema.

Tem um monte de boca me perguntando como tá a vida depois de formada. Pergunta retórica, todo mundo sabe. Pergunta enfadonha, meu Deus... Como toda pergunta que é um pretexto pra sair do constrangimento do silêncio. Mas, como só me deixo ser ranzinza quando escrevo, sou capaz de sorrir e soprar alguma resposta positiva.

Um parêntese: por que o silêncio entre duas pessoas que apenas se conhecem superficialmente é tão constrangedor? Quem responde isso? Um sociólogo, psicólogo, antropólogo? O senso comum me diz que o constrangedor é o fato de a pessoa não querer parecer desinteressante diante do outro, blá, blá, blá...

(É tão diferente quando escrevo pra mim e quando escrevo com a perspectiva de outros lerem...)

Ainda paro e penso o que escrever no campo “profissão” dos livros de visita de museu ou de biblioteca. Quando me perguntam o que faço não sei se digo “estudante de arquitetura” ou “arquiteta”. Não sei mesmo, é um limbo. Porque sempre soube o que é ser estudante. Na verdade não é que saiba propriamente, mas sempre fui estudante, fui criada pra estudar. Então, sabia que era estudante da mesma maneira que sabia que meus olhos são castanhos.

E o que é ser profissional? Está dentre as coisas que eu menos entendo o fato de um papel dar tantos predicados a uma pessoa. Não me é nada natural dizer que sou arquiteta urbanista. Não sei a dimensão disso.

Faz quatro meses que apresentei o Trabalho Final de Graduação. E toda vez que abro o Explorer do meu computador ainda vou direto pra pasta do TFG. Que ranço!...

Há outras coisas também... Só percebo as coisas quando terminam. Dias depois de haver terminado a faculdade senti, bem tênue, uma espécie de liberdade. Agora poderia fazer o que quiser, não devia mais nada. Percebi que fiz faculdade, também, por que devia, tinha dívida. E, dívida quitada, haja coragem pra essa liberdade.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Ontem Tia Nena fez 88 anos. Nossa, sou doida por essa tia véa. Tia Nena sempre foi das pessoas mais velhas que conheci. Na verdade ela é atemporal, assim como todas as pessoas que conheço desde que nasci. Me cuidou, me gritou, me deu dinheiro pra comprar lanche na viagem. Aliás, olha que fofo: quando eu era bem pequena ela me dava dinheiro pra comprar merenda na viagem de volta à Cruz das Almas (ela mora em Itiruçu, cidade que vai sediar partidas da Copa do Mundo de 2014). Quando viajei pra fazer intercâmbio, do outro lado do Atlântico, já cheia de anos, ela me manda um envelope com dinheiro pra comprar merenda na viagem. Não é lindo??

Tia, a senhora tem isso? Ela tem. A senhora faz isso? Ela faz. A senhora lembra daquilo? Ela lembra. Por sinal, a memória dela é prodigiosa para saber laços familiares. Sempre fantasiei que um dia ela ia dizer que Maria Bethânia era nossa prima. A mãe dela é a cara de minha avó!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Fonte do Ninho

Você já viu o projeto que modificará a Fonte Nova?? Viu as outras propostas?? Tudo merreca! Sou plenamente a favor da proposta acima!

Fonte da imagem: bahea minha porra

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

justlikeapapertiger bbbbbbbbbbbbbb-----------------|||||||____________

É assim, contendo, segurando conforme deve estar para viver. A voz seca, estéril, uma força mínima. Tudo seria muito bom como se quer, como se gostaria de querer. Mas mas mas. Mas. Mete-se a si a mão nas costas, na altura da oitava vértebra, e vai experimentando movimentos, a gosto da própria experiência deste.

É assim essa música de Beck. É assim. Muitas coisas são capazes de me elevar, a maioria depende de uma disposição anterior minha. Essa música, sem mais, me tira de qualquer lugar e me pára, lá em cima, eu acho. Acho que é o contraste da voz com os instrumentos. Acho mais ainda que é quando a voz se liberta numa distorção e se afasta, se afasta, e os instrumentos gritam por terem vencido sem derrotar.

Ouve aí, melhor com fone de ouvido: Paper Tiger