quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Eu realmente detesto o Cabula... Contra a minha vontade, mesmo. Aqueles restaurantes de comida por quilo dos mini-shoppings cor-de-rosa, a entrada do 19° BC, a confusão do Bom Preço, a parede azul e branca do Colégio Ômega, a Uneb... Hugh! Detesto aquela avenida pela qual se chega à Uneb.

Por meses passei pela Silveira Martins num estado de indisposição sufocado pelo pensamento de que isso ia passar. Aliás, como tudo o que me incomoda. De manhã passava pela avenida num sono que me paralisava os músculos e fazia minha cabeça doer porque a aula na Uneb começava às 7:30. De tarde, calor me detonando, aumentando minha fome, ônibus cheio e uma hora até chegar em casa, engolir comida e ir para a faculdade de arquitetura. Como previsto isso passou, pois que deixei a Uneb, o que, além de aumentar minha culpa social, paralisou na minha boca aquela indisposição quando passo pela Silveira Martins.

Mas no sábado meu objetivo não era a Uneb, era o que estava atrás dela, a Engomadeira. Antes de aí chegar, tive do alto a perspectiva da Estrada das Barreiras, onde pude ver até longe, o que me fez respirar fundo e sentir bem. Vi sujeira, desorganização, cores encardidas. Pergunto-me agora, de um modo desestruturado, acerca do que é bonito numa cidade. O panorama não era bonito, mas era agradável. Agradou-me. Era bonito de uma maneira que me expandiu. Ai meu Deus, minha cabeça está pedindo que eu busque noções do belo, mas não sei se vou ter saco de ir além do Google. Mal de minha geração.

Primeira à direita, Engomadeira. Carro, carro, gente5, farmácia10. Passou um carro da polícia, gostei, mas, logo, rhum... sei não... isso daí...

Fui seguindo a rua, movimento diminuindo, entrei em algumas ruas locais, apenas naquelas onde podia ver crianças, senhoras ou roupas na varanda. Numa dessas ruas, uma mulher, cigarro na mão e barriga de fora, disse "não-sei-que-lá polícia". Rhum... Passei em frente ao que me pareceu serem dois terreiros. Todo lugar que me prometia ver um verde ou um panorama do alto ou que faltava um pedaço, me atraía. Mas não pude ir a 1/3 deles.

Saí de uma das ruas locais, voltando à Rua da Engomadeira, para então pegar o caminho da roça (ainda se diz isso?). Antes entrei num mercado para comprar água (R$0,30 o copinho, nunca vi tão barato!). O caixa deixou meu pedido no ar e saiu com semblante sério para ver dois carros de polícia que tinham passado. Só ouvi uma pergunta dispersa: “fechou a rua?”. Quando ele voltou não estava com cara de que me responderia alguma coisa, então peguei a água e saí. Vi que os dois carros haviam fechado uma rua transversal à Rua da Engomadeira. Mas, excluindo a presença dos policiais, todo o restante estava normal, talvez aparentemente. Entrei numa farmácia (tava mesmo precisando de manteiga de cacau) e o vendedor era dos que gostava de falar sobre o que o rodeia. Disse que há cinco dias um policial tinha sido assassinado ali pertinho e que os policiais estavam procurando traficantes. Disse também que ali não havia assaltos, mas tinha briga de traficantes. Ai meu Deus... Deixei o dinheiro da manteiga e segui o caminho da roça. Olhe, só digo uma coisa: “Deus protege os bêbados, as criancinhas e os distraídos” (Leo, 2008).

Ah!, quando chego na Rótula do Abacaxi, percebo que a manteiga de cacau tinha ficado na farmácia.

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