sábado, 26 de setembro de 2009

Salvador

As coisas vão se agregando, acumulando e ganhando significado.

Não tenho muita vontade de ir ao miolo ou na orla atlântica de Salvador. A atmosfera úmida daqui não me faz querer ir lá. Mas vou. O miolo me parece muito uniforme, muito quente e sufoca. Quando falo uniforme me refiro à grande escala. Tsc, que me matem! Enfim, meu campo de visão lá é muito curto, não existe horizonte, chego a sentir os fios de energia se enrolando em mim.

No atlântico o ar é difuso, entorpecido. As coisas são meio superficiais, aeradas e o horizonte é aquilo mesmo que o define. É uma linha horizontal, inalcançável e inerte que separa tons de azul. O Atlântico é belo, sem dúvida. Mas o belo óbvio não aprisiona.

Mas a Baía... mas-a-baía... Quando vou por lá tenho impulso de gritar nos soteropolitanos que Salvador NÃO é uma metrópole, Salvador NÃO é cosmopolita. Fico repetindo essas coisas na cabeça, involuntariamente.

Os ferros, as paredes úmidas, os esgotos, a topografia, as ilhas, as feiras, os infinitos horizontes. Mariscagem, meu Deus, a mariscagem... de onde vi, as pessoas viraram pedra para catar marisco. Isso me enche tanto os pulmões que transborda pelos olhos. Venho me apegando a estes horizontes para tentar entender Salvador e outras coisas. Ou pelo menos eu quero acreditar que venho me apegando a isso.

Acho (e apenas acho) que o que torna Salvador única e congruente é que no momento em que dou o passo para voltar para casa sinto mais ou menos a mesma coisa, qualquer que seja o lugar de para onde eu tenha ido nessa cidade. Alívio, superficialidade e fé.

E a merda, pensei um dia depois de ter ido pela Baía e enquanto tomava açaí, é que Salvador não cabe numa colher.

2 comentários:

Ana Carla Lira disse...

Queria ter o dom de ver Salvador através dos seus olhos...

Anônimo disse...

:)