domingo, 11 de janeiro de 2009

O menino

Isso foi na semana passada...

Estava numa hora de hedonismo fundamentado, visões já daquele tipo e certos sentidos e intenções aguçados. Um homem qualquer (porque pra nós era qualquer mesmo, sejamos francos) pedia dinheiro. Até aí nada, porque era nada mesmo, para nós. Mas ele tinha um menino no ombro. Lindo, lindo, o menino estava com a cabeça deitada na cabeça do homem, e nem olhava para nós, porque nele éramos menos que nada mesmo. Olhava para o céu, para além de tudo que podíamos ver, ele olhava contemplativo e calmo para lá de tudo que o rodeava. O menino é um poeta e me hipnotizou.

O homem não recebeu dinheiro de nenhum de nós, se afastou. No mesmo momento o menino se pôs ereto e olhou objetivamente para frente, reto. O menino era príncipe, era dono, era um lúcido. Nossa!...

O homem começou a pedir dinheiro noutra mesa, de novo com a mão estendida. O menino, não teria mais de quatro anos, cobriu todo o rosto com o gorro azul que tinha na cabeça, como fazem os bandidos. Isso foi muito rápido, só pude soltar um “zorra!”. Mais rápido, o menino, depois de cobrir o rosto, puxou uma arma de brinquedo do tamanho do braço dele, não sei de onde, e apontou para o que estava abaixo dele. Porque tudo estava abaixo dele mesmo. Eu não consigo dizer o que era o menino. O que era isso??

Eu não inventei isso, mas não posso acreditar ter visto sequência tão clarividente.

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