terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sobre livros

É realmente incrível como os livros nos vêm na hora que precisamos. Tenho lido livros que cabem no que estou vivendo. Posso acreditar que seja coincidência. E posso também pensar que nos fixamos, emocionamos e pensamos mais nas passagens que nos convém, a depender do que estamos vivendo. Pode ser que lemos sempre a partir do que estamos vivendo. Assim, posso pensar que um livro não são histórias ou pensamentos fixados (ou congelados) no tempo pelo autor. Um livro sou eu e o autor, os anseios dele e o meu. Não sei se há um que se sobressaia.

Pensei isso porque li uma passagem que me emocionou como há muito não acontecia por causa de um livro. Vi que sou normal! Pelo menos de longe.

Talvez por coincidência, depois que pensei nisso, vi uma citação de Paul Ricoeur pendurada numa banca de revista: “compreender é compreender-se diante do texto”. Não sei em que contexto o filósofo escreveu isso, mas diga se não é verdade.

Quase todos os livros que li não eram meus, me foram emprestados. De um ano para cá, quando ganhei e comprei uns primeiros, achei muito estranho pensar que não teria que devolvê-los. Até hoje não tive coragem de colocar meu nome em nenhum deles. É estranho dizer que um livro é meu... assim, é estranho ver ele estático numa prateleira.

A única coisa que você (ou pelo menos eu) consegue possuir de um livro é o que sente e consegue fixar a partir de alguma transformação que lhe acontece. Alguns livros me fazem sentir muito, mesmo. Para não perder, ou pelo menos prolongar, esse sentimento, principalmente quando se trata do sublime, tento fixá-lo em coisas da minha vida. Expectativas, emoções, cheiros, entendimentos. Tento fixar o sentimento evocado de minha vivência.

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